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Plano de Continuidade de Negócios: quais os pilares do PCN, benefícios e como montá-lo estrategicamente?

Empresas enfrentam muitos riscos e desafios que podem ameaçar a operação e, em alguns casos, a sobrevivência do negócio. Desde catástrofes naturais, falhas tecnológicas até crises internas ou externas inesperadas, as organizações devem estar preparadas para situações imprevistas — e é aqui que entra o Plano de Continuidade de Negócios (PCN).

Dados da 1ª pesquisa nacional sobre maturidade em gestão de crises e continuidade de negócios, realizada pela consultoria Protiviti, mostraram que 45% das empresas apresentaram pelo menos um tipo de incidente em 2023.

Os problemas de TI são os mais recorrentes, gerando perdas financeiras que chegam a R$ 10 milhões, seguidos de perto por questões de imagem e reputação. Ou seja, as perdas envolvidas podem ser muito altas e colocar em xeque toda a estrutura da organização, seus ativos tangíveis e intangíveis.

Neste texto, você entenderá o que é Plano de Continuidade de Negócios, quais seus pilares fundamentais, como elaborá-lo de maneira estratégica e os benefícios que ele traz para as empresas

O que é um Plano de Continuidade de Negócios?

O Plano de Continuidade de Negócios (PCN) é um conjunto de ações, procedimentos e estratégias que uma empresa adota para proteger processos essenciais, preservar ativos e manter o funcionamento durante e após eventos adversos, ou seja, que possam comprometer a capacidade de operar normalmente.

Assim, em um PCN, são definidos todos os processos críticos que devem ser mantidos ou rapidamente retomados e as medidas preventivas e corretivas para garantir o funcionamento eficiente desses processos mesmo em uma crise.

Portanto, a elaboração e a implementação de um plano de continuidade são fundamentais para a gestão de riscos e para a sustentabilidade dos negócios a longo prazo.

Qual a função do Plano de Continuidade de Negócios?

A principal função do Plano de Continuidade de Negócios é garantir que uma organização possa continuar a operar de forma mínima e essencial, ou, no melhor cenário, retomar as atividades normais o mais rápido possível após um incidente disruptivo.

Isto é, o PCN prepara a empresa para enfrentar emergências e assegura que ela tenha a capacidade de se recuperar rapidamente de uma situação adversa, seja qual for sua origem ou tamanho.

Entre as funções específicas de um PCN, destacam-se:

  • Redução de riscos: ao antecipar potenciais ameaças, o PCN ajuda a organização a se proteger de riscos inesperados e a minimizar os danos causados por eventos adversos;

  • Recuperação rápida: o PCN define processos claros para a retomada de operações essenciais, permitindo que a organização se recupere mais rapidamente após uma interrupção;

  • Manutenção da confiança: ao ter um PCN bem estruturado, a empresa transmite confiança aos clientes, fornecedores, parceiros e acionistas, mostrando que está preparada para lidar com situações inesperadas;

  • Diminuição de danos financeiros e reputacionais: um bom plano pode evitar que os danos financeiros e à reputação da empresa se agravem durante ou após a crise.

Quem elabora o PCN?

A elaboração do PCN conta com muitas mãos. Ou seja, não é responsabilidade de um único departamento ou profissional, mas envolve a colaboração de diversas áreas da organização.

Em geral, quem encabeça o movimento de criação e gestão do PCN é a alta direção, que, então, conta com o apoio do comitê de gestão de crises ou de riscos, que inclui representantes de diferentes setores da empresa.

Entre as áreas-chave envolvidas na elaboração do PCN, estão:

  • Gestão de riscos: analisa os riscos e define medidas para minimizá-los;

  • Recursos Humanos: coordena a comunicação com os funcionários e garante que o treinamento seja feito de maneira eficaz;

  • Financeiro: planeja os recursos necessários para a continuidade dos negócios durante uma crise;

  • Operações: garante que os processos essenciais possam ser mantidos ou retomados rapidamente;

  • Comercial e atendimento ao cliente: garante que as necessidades dos clientes sejam atendidas mesmo durante uma crise.

Por que é importante ter um Plano de Continuidade de Negócios?

A importância de um PCN não deve ser subestimada, especialmente frente às ameaças cada vez mais diversas e imprevisíveis.

Confira alguns dos principais motivos pelos quais ter um PCN é essencial:

  • Prevenção de falhas operacionais: com um plano bem estruturado, a empresa pode se antecipar a falhas e minimizar o tempo de inatividade durante uma crise;

  • Garantia de conformidade: algumas empresas, como dos setores governamental, financeiro e de saúde, são obrigadas por regulamentações a implementar um PCN;

  • Proteção da marca: organizações que não conseguem lidar adequadamente com crises podem enfrentar danos irreparáveis à imagem e reputação, o que pode resultar em perda de clientes, parceiros e mercado;

  • Sustentabilidade: empresas que não se preparam para interrupções podem encontrar dificuldades em sobreviver a longo prazo. O PCN garante que a organização tenha meios de recuperar sua normalidade rapidamente;

  • Eficiência na resposta a incidentes: o PCN prepara os colaboradores e as lideranças para agirem rapidamente e de forma coordenada, evitando pânico e desorganização no momento de uma crise.

Quais são os 3 pilares da continuidade de negócios?

Três pilares principais sustentam o PCN e, quando implementados de forma eficaz, garantem a proteção das operações essenciais da empresa.

Esses pilares são:

Plano de resposta à emergência

O plano de resposta à emergência é o primeiro passo quando ocorre um evento inesperado e problemático. O foco está em ações imediatas a serem tomadas para proteger as pessoas, os ativos e minimizar danos ao patrimônio da organização.

O objetivo principal desse plano é preservar a vida das pessoas, minimizar danos ao patrimônio e reduzir os impactos, como ações de evacuação, comunicação com equipes de emergência e contenção de danos iniciais.

Plano de gestão de crise e comunicação

O plano de gestão de crise e comunicação se concentra em como a empresa vai lidar com a crise em andamento. Ele envolve o gerenciamento da situação em tempo real, incluindo a comunicação interna e externa com funcionários, clientes, fornecedores e a mídia.

A comunicação clara e eficiente é essencial para monitorar a crise, garantindo que todas as partes envolvidas compreendam o que está acontecendo e quais ações estão em curso.

Plano de retomada de negócio

O plano de retomada de negócio foca na recuperação das operações essenciais da empresa após a crise ser contida. Ele descreve como a equipe restabelecerá os processos críticos e quais recursos serão necessários para que a organização retome suas atividades normais.

Esse plano atende o longo prazo e inclui a definição de prioridades de recuperação, como a restauração de sistemas de TI, infraestrutura, fornecedores e operações.

Quais são as vantagens de um plano de negócios?

Ter um Plano de Continuidade de Negócios oferece diversas vantagens para as empresas, em qualquer estágio de desenvolvimento, desde startups até grandes corporações.

Entre as principais vantagens estão:

  • Continuidade das operações essenciais: o principal objetivo de um PCN é garantir que os processos críticos do negócio continuem funcionando mesmo durante uma crise;

  • Redução de custos: a recuperação mais rápida de operações pode reduzir os custos operacionais e financeiros associados a interrupções;

  • Proteção regulatória: alguns setores exigem que as empresas implementem um PCN. Assim, estar em conformidade com as exigências legais e evita sanções ou penalidades;

  • Vantagem competitiva: empresas que têm um PCN bem estruturado demonstram maior profissionalismo e confiabilidade, o que pode ser uma vantagem competitiva no mercado;

  • Manutenção de clientes e parcerias: um PCN bem estruturado demonstra que a empresa está comprometida com a continuidade dos serviços e com o cumprimento de contratos;

  • Proteção da reputação: o PCN ajuda a diminuir a duração da interrupção e a ter uma comunicação eficiente, o que demonstra transparência e competência, reforçando a imagem positiva da organização;

  • Melhoria da cultura organizacional: o PCN envolve também a segurança dos colaboradores. Assim, reforça a cultura organizacional de cuidado e responsabilidade com os funcionários, o que pode resultar em maior engajamento da equipe;

  • Aumento da eficiência operacional: o PCN contribui para uma gestão mais eficiente, com respostas rápidas e bem coordenadas. Além disso, envolve treinamento regular aos colaboradores, aumentando a competência geral para lidar com situações adversas;

  • Apoio à tomada de decisões: com a análise de riscos, o PCN proporciona uma base sólida para a tomada de decisões informadas e pode ser integrado ao planejamento estratégico de longo prazo.

O que deve conter um Plano de Continuidade de Negócios?

Um plano de continuidade eficaz deve incluir vários componentes essenciais para garantir a recuperação rápida e eficiente da organização.

Os principais elementos de um PCN são:

  • Análise de riscos e impactos;
  • Mapeamento de processos críticos;
  • Estratégias de recuperação;
  • Plano de teste e simulações;
  • Comunicação e treinamento;
  • Revisão e atualização do PCN.

Como montar um Plano de Continuidade de Negócios?

Além de conhecer quais são as etapas fundamentais de um PCN, é preciso compreender como organizar cada uma delas. Executar bem todas as etapas contribui para um plano mais eficaz e realmente capaz de minimizar o impacto de qualquer interrupção nos negócios.

Saiba a seguir como montar um PCN:.

Análise de riscos

A análise de riscos é o ponto de partida. Nessa fase, é necessário identificar todas as ameaças que podem impactar a operação da empresa.

Isso inclui ameaças naturais (como desastres climáticos: enchentes e tempestades por exemplo), tecnológicas (como falhas em sistemas de TI) e humanas (como falhas de segurança). É preciso avaliar cada risco quanto à probabilidade e ao impacto.

Mapeamento de processos críticos

A segunda etapa é o mapeamento dos processos essenciais para o funcionamento da organização. Isso inclui a identificação de áreas-chave, como produção, logística, atendimento ao cliente e infraestrutura de TI.

A partir disso, deve-se estabelecer uma lista de processos prioritários em um momento de crise, assim como saber quais podem ser suspensos temporariamente sem tanto impacto.

Definição de estratégias de recuperação

Com base na análise de riscos e no mapeamento de processos, é possível, então, definir estratégias claras de recuperação, que devem ser adaptáveis a diferentes cenários de interrupção e podem envolver diferentes abordagens.

Essas medidas devem especificar como e quando cada processo crítico será restaurado, considerando as prioridades e os recursos disponíveis.

Testes e simulações

Realizar testes e simulações regulares do PCN é muito importante para garantir que o plano seja eficaz na prática. Simulações ajudam a identificar falhas e melhorar a capacidade de resposta da organização, pois permitem que todos se familiarizem com os processos e protocolos estabelecidos. 

A equipe deve planejar os testes e simulações de forma a cobrir uma variedade de cenários, dos mais comuns aos menos prováveis. Além disso, devem conduzi-los de maneira realista, simulando condições o mais próximo possível de um cenário real.

Comunicação e treinamento

A comunicação clara durante uma crise é um elemento-chave, pois garante o alinhamento de todas as partes, a coordenação entre equipes e, claro, a transparência.

O treinamento dos funcionários sobre os procedimentos do PCN é também crucial para o sucesso, pois evita falhas, reduz tempo de resposta, garante que as equipes estarão seguras na hora da prática e mobilizam os envolvidos na cultura da melhoria contínua.

Revisão e atualização do PCN

Por fim, a empresa deve revisar e atualizar constantemente o PCN para refletir mudanças nas operações, abranger novas possíveis ameaças, melhorar a alocação de recursos e alinhar as estratégias de recuperação com as metas e prioridades da organização.

Isso é fundamental para garantir que o plano de negócios continue relevante e eficaz diante de um ambiente de negócios dinâmico e em constante evolução.  

Plano de Continuidade de Negócios: enfrente desafios de forma sustentável

O Plano de Continuidade de Negócios é uma ferramenta essencial para garantir que uma organização seja capaz de sobreviver a crises e manter suas operações em funcionamento, minimizando impactos, protegendo seu futuro e de seus colaboradores e parceiros de mercado.

Ao focar em estratégias de resposta à emergência, gestão de crises e recuperação de processos, o PCN prepara a empresa para lidar com eventos inesperados de maneira organizada e eficiente.

Contudo, sua elaboração e implementação exigem comprometimento, planejamento estratégico e colaboração entre todas as áreas da organização.

Ademais, os benefícios do PCN são evidentes: maior resiliência, redução de riscos e proteção da reputação e dos ativos da empresa. Ao seguir as etapas adequadas e garantir a constante atualização do plano, as organizações estarão mais preparadas para enfrentar os desafios do mundo moderno e, assim, garantir sua continuidade de forma sustentável.

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